A Gestão da Cultura no RN
Como soubemos, o PT (ou parte dele que ainda não o
tinha feito) desfiliou-se há pouco oficialmente dos quadros administrativos do
atual governo no RN. O fato é mais um dos desdobramentos da atual crise
política no país.
Assim, todos os cargos que pertenciam ao partido
foram depositados no protocolo ao final da tarde de ontem. Uma nota sumária do
executivo agradeceu a dedicação dos servidores.
Sem entrar no mérito (expressão muito em voga por
esses dias), o que passa a me interessar nesse momento diz respeito à situação
relativa à nossa área cultural, e mais especialmente à gestão pública dela.
Nos últimos anos o que temos assistido, exatamente
quanto a este teor, tem sido de uma descontinuidade desconcertante para uma
área tão carente, não só de recursos, mas e também de uma boa gestão,
articulada em acordo com a realidade vivenciada pelos interessados (no caso,
especialmente os artistas e demais profissionais alinhados à cadeia). E só.
Infelizmente, a prática até agora adotada para a
nomeação dos gestores culturais tem sido baseada em indicações eminentemente partidárias,
e isso tem fragilizado ainda mais a já combalida instituição que carrega a
missão de comandar a política cultural do estado.
Em 2014, sob o compromisso assumido em campanha pelo
governador eleito de que nomearia uma indicação do próprio setor, o Fórum
Potiguar de Cultura experimentou. Levou à comissão de transição uma lista tripla
da qual foi extraído o nome de Rodrigo Bico, que se afastou com a decisão da
senadora Fátima Bezerra em se divorciar do governo. Ligado ao grupo da
senadora, o gestor foi exonerado.
Ficou o apoio do deputado Fernando Mineiro, que
indicou a volta de Crispiniano Neto ao comando da Fundação José Augusto,
justamente um dos detentores dos cargos que foram entregues ontem. Mais uma
vez, fica então a gestão cultural potiguar provisoriamente à mercê dos ventos.
Eu falava exatamente disso por esses dias,
justamente quando a sociedade civil está organizando para terça que vem, 19 de
abril, a 3ª edição do Fórum Potiguar de Cultura, quando irá debater entre suas
pautas inclusive o tema da representatividade política e social e suas
implicações nesse xadrez movediço que é a política partidária.
E me perguntava, e aos outros membros da comissão
que está organizando o encontro, como não tem sido possível a um segmento tão expressivo
(no sentido literal) ser capaz de transpor essa incapacidade de reunirmos em
torno dos muitíssimos que somos a unidade em favor de uma indicação que vá além
dos partidos, ... uma pessoa justamente
preparada, com respeitabilidade perante os setores artísticos, movida pelo
sentimento consequente de fazer uma boa gestão cultural à frente da instituição
que assumir, em sintonia com os princípios e diretrizes que norteiam o sistema
nacional de cultura, com o respaldo da classe e absoluta autonomia
institucional.
Será
que é utópico demais pensar assim?
Mas
também não são o artista e a arte utópicos por natureza?
ESSO ALENCAR
Comissão Organizadora III FPC
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Obrigado por participar do Forum Potiguar de Cultura.